Pesquisar este blog

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

DEFENDER INTERESSES NÃO É CRIME, AFIRMA TOFFOLI EM ENTREVISTA A JORNAL

Novo ministro do STF acha legítimo expressar posições de seus eleitores.
Toffoli não diz se vai se declarar impedido de julgar o caso do mensalão.
Do G1, em Brasília

Em entrevista publicada na edição deste domingo (4) do jornal “Folha de S. Paulo”, o novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) José Antonio Dias Toffoli, 41, afirma que o Brasil precisa acabar com a ideia de que "defender interesses é crime".

Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar uma vaga no STF, Toffoli, que ocupava o cargo de advogado-geral da União, foi aprovado pelo Senado por 58 votos a favor, 9 contra e 3 abstenções, em sabatina realizada na última quarta-feira (30). Ele diz considerar "legítimo" um congressista representar o setor que o elegeu e sustenta que "pensar diferente é hipocrisia".

“Temos de acabar com essa situação de se achar no Brasil que defender interesses é crime. Temos de acabar com a ideia de criminalização da política. Se alguém é eleito com base numa região do país, com base no apoio de um segmento social”, disse Toffoli.

Contestado inicialmente por sua ligação com Lula e com o PT, Toffoli, que já foi filiado ao partido, diz que sua atuação no governo passa a "não existir mais".

Segundo ele, no processo de formação de um voto no STF, o "documento fundamental é a Constituição", mas devem ser levados em conta "a realidade social e o momento histórico".

Repetindo inúmeras vezes que não comentaria "casos concretos" que possa vir a julgar, o novo ministro diz que adotará como conduta só "falar nos autos", mas evita julgar o comportamento de seus futuros colegas nesse quesito. Advogado especializado na área eleitoral, ele defende o voto obrigatório como valorização da política e da cidadania e diz que um terceiro mandato para presidente é "questionável" e pode levar "à perpetuação no poder".

O PED (PROCESSO DE ELEIÇÃO DIRETA DO PT) É UM PROCESSO EM CONSTRUÇÃO QUE PRECISA DE APERFEIÇOAMENTOS

Por Robert Lobato
No seu Editorial desta terça-feira, o Jornal Pequeno faz uma dura leitura sobre o Processo de Eleição Direta do Partido dos Trabalhadores, processo esse único nas estruturas partidárias brasileiras que consiste em outorgar poder para que os próprios filiados escolham os seus dirigentes nacionais, estaduais e municipais.

Entendo a posição democrática do JP, inclusive faz uma avaliação correta quando diz que o PED “não tem pejo de pagar consumação à venalidade, dividindo-se nesse Estado entre alas Pró-Sarney e alas que contestam a majestade desse absurdo conluio com a corrupção”.

O PED é uma novidade na política nacional inaugurada pelo PT. Representa a quebra de paradigma na escolha das direções partidárias, representada na maioria das vezes pelos conchavos das cúpulas dos partidos, dos acordos dos que possuem mandatos etc. Isso num ambiente marcado, quase sempre, pelo vale tudo político-eleitoral.

Por se tratar então de uma inovação, o PED está sujeitos a imperfeições que precisam ser superadas e métodos que necessitam de aperfeiçoamento. É um equívoco achar que um retorno às velhas formas de escolha dos seus dirigentes, ajudará a combater as influências externas no processo de escolha das direções do PT.

Ora, não é porque o processo político-eleitoral brasileiro seja tomado por práticas corruptas de captação de sufrágio, poder econômico, abuso de poder políticos etc., que teremos que voltar aos tempos das eleições indiretas através do Colégio Eleitoral.

O aperfeiçoamento do PED deve se dar, em primeiro lugar, pelo compromisso ético interno entre dirigentes, militantes e filiados onde fique claro que esse processo é um problema nosso, cabendo à “torcida política” externa esperar o resultado para saber com qual força irá sentar, ou não, para discutir os projetos futuros.

Em segundo lugar, temos que acabar com essa hipocrisia de condenar as práticas conservadoras e não republicanas que ocorrem nas eleições brasileiras, ao mesmo tempo em que radicalizamos na sua reprodução em tempos de PED.

O desafio é criar um fundo eleitoral partidário eleitoral para financiar o PED, se possível liberando a captação externa de recursos a um determinado patamar. Essas, como outras medidas, é que poderão evitar que “caçambas cheias de petistas cortando as estradas intrafegáveis do Maranhão para votar a favor de uma coalizão com o tráfico de influência, a formação de quadrilha, a evasão de divisas, o superfaturamento”, como reclama o Editorial do JP.

Contudo, assim como temos que evitar as “caçambas sarneyzistas” carregando petistas para votar no PED, outras devem ser também evitadas, independente da cor partidária, política e ideológicas das “caçambas”.


15 DEPUTADOS MUDARAM DE PARTIDO NO MARANHÃO

MATÉRIA CORRIGIDA
O fim do prazo de filiação para quem pretende se candidatar nas eleições de 2010 provocou um curioso troca-troca partidário no Maranhão. Desde o início do ano até sexta-feira passada, 15 deputados trocaram de legenda.

Na terça-feira (29), um encontro político que era para ser um ato de filiação partidária do deputado Rubens Júnior e do ex-deputado Fortunato Macedo no PCdoB ganhou uma dimensão muito maior. O que realmente aconteceu, no plenarinho da Assembleia Legislativa do Maranhão, foi o primeiro encontro político do PCdoB com o PSB para as eleições de 2010.

Com a presença de diversos deputados, prefeitos e vereadores, principalmente de militantes de esquerda que ecoaram os seus gritos de guerra, a filiação dos novos membros do PSB e PCdoB virou a primeira demonstração de que o grupo Sarney terá de rever suas estratégias para as próximas eleições.

O grupo Sarney, através de seus veículos de comunicação, alardeou o aumento da bancada do PMDB e do PV. Filiaram-se no PMDB seis deputados - Alberto Franco, Afonso Manoel, Arnaldo Melo, Carlos Braide, Graciete Lisboa e Stênio Rezende. O PV, por sua vez, ganhou a adesão dos deputados Rigo Teles, José Lima e Antonio Bacelar.

Pela legislação eleitoral, as filiações devem ser feitas até um ano antes das eleições para quem pretende concorrer a algum cargo. Como o primeiro turno das eleições de 2010 está marcado para 3 de outubro, as filiações deveriam ocorrer até sábado (3).

Porém, quem já ocupa um cargo eletivo, deve apresentar um motivo que justifique a mudança de partido para não correr o risco de perder o mandato. Isso porque uma resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) determina que o mandato pertence ao partido e não ao eleito.

Veja quais os deputados que trocaram de partido neste ano no Maranhão

NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
Afonso Manoel - Trocou o PSB pelo PMDB
Alberto Franco - Trocou o PSDB pelo PMDB
Antônio Bacelar - Trocou o PDT pelo PMDB
Arnaldo Melo - Trocou o PSDB pelo PMDB
Carlos Braide - Trocou o PDT pelo PMDB
Cleide Coutinho - Trocou o PSDB pelo PSB
Graciete Lisboa - Trocou o PSDB pelo PMDB
José Lima - Trocou o PSB pelo PMDB
Marcos Caldas - Trocou o PTdoB pelo PRB
Paulo Neto - Trocou o PSB pelo PRB
Rigo Teles - Trocou o PSDB pelo PV
Rubens Pereira Júnior - Trocou o PRTB pelo PCdoB
Stênio Rezende - Trocou o PSDB pelo PMDB

NA CÂMARA FEDERAL
Davi Alves Silva Júnior - Trocou o PDT pelo PR
Zé Vieira - Estava sem partido e se filiou ao PR


NO MARANHÃO: OS MOVIMENTOS DAS OPOSIÇÕES A SARNEY

Por Robert Lobato

A semana foi marcada por intensos movimentos políticos marcados, sobretudo, pelo troca-troca de partidos. O grupo Sarney recebeu de volta alguns dos seus antigos aliados, depois de um curto e oportunista estágio nas oposições. Ou seja, a oposição perdeu o que de fato nunca teve, gente como Eduardo Braide, Antônio Bacelar, Alberto Franco, Rigo Teles, entre outros do mesmo naipe.

O importante de tudo isso é que as forças oposicionistas começaram a se mexer e devem, aos pouco, juntar as peças do quebra-cabeça e formar o cenário ideal para derrotar o grupo Sarney em 2010. Há nesse campo, a priori, duas claras candidaturas: a de Flávio Dino e a do governador Jackson Lago, correndo por fora, ainda de forma meio tímida, a possibilidade da candidatura de Domingos Dutra pelo PT.

Outra força importante nesse processo de construção de uma ou várias candidatura oposicionista está o PSDB, um grande partido, mas que aqui no Maranhão sofre da “síndrome do PMDB”, ou seja, tem tamanho e estrutura, mas é incapaz de apresentar um nome para disputar o governo do estado, tal como a acontece como o PMDB nacional que não tem nome para disputar a presidência da República.

O fato é que o deputado Flávio Dino tende a consolidar cada vez mais o seu nome para governador numa velocidade que o impedirá, a certa altura, de recuar para disputar outro cargo. A continuar nesse ritmo, Flávio Dino será mesmo candidato ao governo.

Ocorre que o projeto “Flávio Dino governador” está diretamente relacionado como o resultado do Processo de Eleição Direta do PT. O comunista só será candidato ao governo se conseguir levar o PT para o seu lado.

Tem mais uma coisa: e se o PED der a vitória para a ala do PT que não vê a hora de dividir o palanque ao lado do PMDB de Roseana? Flávio toparia ser candidato de uma terceira via que só se viabilizaria se tivesse o beneplácito de Lula e de Sarney, em Brasília? É uma questão para reflexão.

Já a candidatura do governador Jackson Lago tem a simpatia em setores de vários partidos, um mais, outros menos. Até aqui tem sido a candidatura que mais expressa a luta contra a oligarquia Sarney.

Acho apenas que o companheiro Jackson tem feitos poucos movimentos que realmente o torne efetivamente o líder da oposição e consolide o seu nome, de uma vez por todas, como o principal nome das oposições para o enfretamento contra o grupo Sarney.

A sedução pelos números das pesquisas até aqui, não pode servir de pedestal para que coloquem o Jackson Lago sobre os outros, e muito menos como venda para que o impeçam de ver outras possibilidades para 2010, que não somente a do governo.

Penso que o saldo do troca-troca de partidos foi bom para as forças de oposição ao grupo Sarney. Falta apenas que as oposições criem juízo, que formem um time, uma equipe.

Se o grupo Sarney, que tem interesses contraditórios imensos internamente, gente de tudo que é jeito, que vai de um Benedito Buzar a um Jorge Murad, consegue mater-se unido, por que as oposições, que defendem causas e bandeiras tão nobres como a ética e o companheirismo tem que morrer na autofagia?

NO MARANHÃO ELEIÇÕES 2010: DUTRA TOPA SER CANDIDATO AO GOVERNO PELO PT

Por Robert Lobato

Em entrevista exclusiva ao blog, o presidente estadual do PT, deputado Domingos Dutra, afirmou que aceita o desafio de ser candidato a governador numa aliança que envolveria o PDT, PSB, PC do B, PCB, entre outros situados no campo das oposições ao grupo Sarney. Leia, abaixo, a íntegra da entrevista.

Existe algum movimento no PT em torno da defesa da candidatura própria ao governo do Maranhão?
Dutra: Há um sentimento na base do partido que é hora do PT deixar de ser muleta dos outros. Temos lideranças, uma militância aguerrida, um partido com credibilidade e um governo exitoso. A base deseja que o PT tenha um candidato ao governo. Já as lideranças estão cautelosas em face da distância do final das convenções; da indefinição da conjuntura nacional e do mês de março do ano vindouro em que será realizado o nosso Encontro Estadual.

O senhor admite a possibilidade de ser candidato a governador pelo partido?
Dutra: Admito sim a pré- candidatura, retornando o processo de candidatura própria de 82, 86, 98 e 2002. Se outros partidos podem ter pré-candidatos, por que o PT não pode? Topamos o desafio.

Quais os partidos que o PT poderia juntar em torno da sua candidatura?
Dutra: O PSB, PC do B, PCB, PMN, PDT sempre foram aliados do PT. Ao apoiamos o PDT três vezes e o PSB uma. Agora é hora da reciprocidade.

O senhor teria apoio do presidente Lula numa eventual candidatura ao governo?
Dutra: O Presidente Lula é universal. A nossa candidata a Presidente da República terá palanques diversos em vários estados. O Presidente saberá valorizar o PT sem desprezar os aliados. Se não nos apoiar seguiremos com as nossas forças. Disputamos em 1998 em situação pior. Quem veio de onde eu vim, não teme dificuldades.

É possível evitar que o PT saia dividido após o PED/2009?
Dutra: Acho que sim, desde que todas as forças que almejam eleger seus representantes estejam contempladas e isto pode ser possível e que os que estão na Casa Grande do Calhau dêem meia volta.

DE VOLTA AOS ESQUELETOS DE ROSEANA SARNEY



O governo biônico que o TSE entregou por quatro votos, para a filha de Sarney, está de volta às televisões para anunciar outras obras que irá fazer.

Muito cuidado nessa hora; antes de tudo, é importante observar, que ela e seu grupo sempre anunciaram obras, e muitas delas acabaram como esqueletos. Ou seja, o Estado que há 40 anos foi mantido debaixo do poder oligárquico, permanece na miséria, mesmo depois que seu pai foi presidente do Brasil, sem falar que em todos os governos, dos militares, ao neoliberal, e agora o socialista com o Lula, nada fez pelo povo que vive como indigentes.

Quem não lembra da Fábrica de Rosário? Roseana (Sarney) em 1996 anunciou que traria oportunidades de emprego e uma vida melhor para aquela região, mas até hoje, os moradores de Rosário estão endividados.

Os esqueletos da fabrica que foi construída com dinheiro do contribuinte, permanece inerte em um matagal. Ainda teve a Usimar outro esqueleto que construiria peça para carros que em 1999, desapareceu com 1,33 bilhões (da extinta) SUDAM.

Por ultimo, a refinaria que querem construir da noite para o dia, da mesma forma como anunciaram e nada aconteceu no passado, nessa semana os jornais de Sarney “comprovaram” que a refinaria será a próxima redenção do Estado, que agora vai acontecer, mas numa gravação feita com a recente entrevista do presidente da Petrobras, comprova que não é bem assim, como Roseana Sarney quer que seja.


TADEU PALÁCIO É O MAIS NOVO FILIADO DO PMDB

Secretário de Estado de Turismo foi por quase dez anos filiado ao PDT.

SÃO LUÍS - O ex-prefeito de São Luís e atual Secretário de Estado de Turismo, Tadeu Palácio é o mais novo filiado do PMDB no Maranhão.

Tadeu Pálacio foi por quase dez anos filiado ao PDT, liderado no estado pelo governador cassado, Jackson Lago. A crise entre o ex-prefeito e os pededitas se consolidou depois o resultado da eleição de 2008 em São Luís. Ele apostou em candidatura própria do partido para prefeito de São Luís, tendo como candidato Clodomir Paz. No segundo turno, Palácio apoiou á candidatura de Flávio Dino à prefeitura da capital.

Tadeu criticou duramente a executiva estadual do PDT que, para ele, não deu o apoio necessário no 1º turno ao candidato do partido, Clodomir Paz, e, ainda, determinou de forma mascarada qual candidato a militância pedetista deveria apoiar no 2º turno, neste caso, o tucano João Castelo.


JP PUBLICA TRECHOS DO LIVRO 'HONORÁVEIS BANDIDOS'

RETRATO DO BRASIL NA ERA SARNEY
José Sarney, Roseana, Jorge Murad, João Alberto e Ernane Sarney são dissecados pelo jornalista e escritor Palmério Dória
POR OSWALDO VIVIANI

Com autorização do autor, o Jornal Pequeno publica hoje trechos do livro “Honoráveis bandidos – Um retrato do Brasil na era Sarney”, do jornalista Palmério Dória. Lançado no dia 24 passado, em São Paulo, o livro já se transformou num best-seller instantâneo nos grandes centros do país. Em São Luís, estranhamente, o livro não está disponível em nenhuma livraria da cidade.
Sarney e Roseana: personagens destacados da obra de Palmério Dória
Reportagens do JP – como “Casa oficial de Sarney vira cassino de Roseana” e “Cadáveres da Operação Tigre assombram passado do vice de Roseana Sarney” (ambas de março deste ano) e “Grampo da PF comprova envolvimento de Ernane Sarney no escândalo Gautama” (de agosto de 2008) serviram de fonte de pesquisa para o autor traçar os perfis de personagens presentes em muitos momentos da história política (e policial...) passada e recente do Maranhão. Roseana Sarney, Jorge Murad, João Alberto de Souza e Ernane Sarney são os integrantes do clã dissecados nos textos publicados hoje – figuras de luz menor ou maior, mas sempre encobertas pela sombra dominadora do patriarca da família, José Sarney. Veja os textos.

RAINHA DO CALHAU É FISSURADA NO PANO VERDE

Quando Roseana deixou o Planalto [separada de Jorge Murad, no final da década de 1980, no fechar das portas do governo Sarney] e topou com o ex-namorado Carlos Henrique [Abreu Mendes, que foi secretário de Meio Ambiente no governo de Wellington Moreira Franco], estava deprimida.

Resolveu viajar, correr o mundo, divertir-se. E lá se foi para alguns dos lugares que ela mais ama: Monte Carlo, Atlantic City e Las Vegas.

Se você acha que essas cidades têm algo em comum, acertou: ela adora jogar. Diante do pano verde, seus olhos verdes se integram em perfeita simbiose. O girar da roleta, o tilintar das fichas, a voz do crupiê, a emoção da aposta, naquele ambiente esfumaçado, suprem-lhe qualquer deficiência emocional.

Isso já representou um trauma para a família, especialmente para José Sarney. Que, num discurso em 1993, chegou às lágrimas na tribuna do Senado, respondendo a uma nota da colunista Danuza Leão, que tratava das peripécias da moça por centros internacionais de carteado.

Às vezes, quando batia a fissura e não dava para atravessar o oceano, Roseana praticava uma espécie de política da boa vizinhança, prestigiando os cassinos do Paraguai. Ela, os irmãos e os amigos sempre puderam contar com o jatinho da família, um British Aerospace BAE 800, prefixo PP-ANA, registrado em nome de Mauro Fecury, suplente de Roseana no Senado e velho amigo de Sarney.
Roseana e Jorge Murad: casal coleciona falcatruas
Pai do deputado federal Clóvis Fecury, Mauro é dono do Centro Universitário Unieuro [Uniceuma, no Maranhão], com filial em Brasília. A família seria sócia nessa universidade, cuja biblioteca se chama Roseana Sarney. O reitor é Luiz Roberto Cury – marido de quem? De Emília Ribeiro, ex-assessora de Sarney que, como conselheira da Anatel por indicação do padrinho, deu o voto de desempate na fusão das empresas de telefonia Brasil Telecom e Oi, negócio de mais de R$ 5 bilhões – com o quê, a BrOi passou a dominar quase metade dos acessos de dados no país (42,41%).

Outras vezes, ao voltar das jogatinas para São Luís, batia na turma uma vontade irreprimível de comer na churrascaria Porcão, em Brasília. Os meninos mandavam o piloto aterrissar para matar a fome. Um desses pilotos que os levavam, antigo na aviação nacional, pediu demissão.

“O vôo de ida e volta de São Luís para Assunção não era nada perto desses, digamos, pousos de emergência”, diz ele, pedindo para não revelar o nome.

Ele quis dizer o seguinte: o pouso inesperado de um jatinho num aeroporto internacional, com o custo operacional completo, reabastecimento, aluguel de hangar etc., sai mais caro que o vôo São Luís-Assunção em si. O veterano piloto não suportou tais descalabros, foi embora.

Dizem os amigos que, se os adversários de Roseana soubessem de sua obsessão pela jogatina, poderiam fazer bom uso, porque ela seria capaz de largar tudo por uma mesa de pif-paf. Não deve ser exagero. Por causa dessa insana paixão, Roseana abriu a temporada de escândalos com passagens aéreas no Congresso.

Deu no Jornal Pequeno, combativo diário de São Luís do Maranhão, edição de 15 de março de 2009:

“Maratona de jogatina reuniu pelo menos 10 pessoas. Roseana Sarney admite que 4 viajaram de São Luís a Brasília com sua cota no Senado.”

A moça é realmente da pá virada. Um mês depois que o pai virou presidente do senado, ela transformou a residência oficial da Presidência daquela Casa em cassino. Com carinha de inocente, quando o resto da mídia “descobriu” a farra, ela disse que passaram o sábado e o domingo em “reunião de trabalho”.

No passado o dolce far niente internacional pelas rodas de carteado era bancado por um cartão de crédito com fundos ilimitados, emitido por um banco de Miami, o Schroder, segundo denúncia do Jornal do Brasil e da revista Exame. Dono da conta responsável pelo débito mensal desse cartão da felicidade: Edemar Cid Ferreira. Padrinho de casamento de Roseana e Jorge Murad, na Catedral da Sé, em São Luís, em 1976, onde Edemar conheceu a futura mulher [Márcia Costa].

Roseana e Jorge, por sua vez, viriam a se tornar padrinhos de casamento de Edemar e Márcia. Filha de quem? Daquele senador Alexandre Costa, lembram-se? Um dos que estavam metidos no famoso rolo da gráfica do senado, em 1994 (esse político, famoso por sua violência, com base eleitoral na cidade interiorana de Caxias, morreria em 1998).

Márcia é a maior amiga de Roseana, que – não se esqueçam – também estava naquele mesmo rolo. É no ombro de Márcia que Roseana vai chorar mágoas, na mansão de R$ 142 milhões do casal, no chique bairro paulistano de Cidade Jardim, vizinhos dos igualmente banqueiro Joseph Safra e do megaempresário Antônio Ermírio de Morais.
(Páginas 80, 81 e 82 de “Honoráveis Bandidos”)
UMA BOQUINHA PARA O TIO GAGUINHO
Shirley e Ernane: casal no fio da ‘Navalha’
Aqueles atípicos 2 milhões [sacados por Fernando Sarney da conta da Mirante às vésperas do 2º turno das eleições para governador que Roseana Sarney perdeu, em 2006] deveriam turbinar a campanha de Roseana. E a quem as togas cassarão, dois anos depois, por “abuso de poder econômico”? O vencedor das eleições, o médico Jackson Lago. Roseana, e com ela personagens que vão e vêm, tal qual nos filmes eternamente repetidos nas sessões da tarde da televisão. Gaguinho é um deles.

No centro histórico de São Luís, dois do povo conversam:
“Qual a pior coisa do Maranhão?
A família Sarney.
Qual a melhor coisa do Maranhão?
Ser da família Sarney”.

Pois então, Roseana mal retoma “seu” Maranhão, e já leva o tio, Ernane Sarney, velho faz-tudo dela, para a Casa Civil, mesmo envolvido até o pescoço na Operação Navalha.

Grampo” da Polícia Federal, realizado em março de 2007, capta titio cobrando propina que a construtora Gautama lhe devia. A Operação Navalha desmontaria, dois meses depois, um esquema de fraudes em licitações de obras públicas. A conversa se deu entre Ernane César Sarney Costa, o Gaguinho, irmão do coronel e secretário particular de Roseana, e na outra ponta da linha Gil Jacó Carvalho Santos, tesoureiro da Gautama, empreiteira de Zuleido Veras. Gil Jacó era quem pagava as propinas e foi um dos 61 denunciados pelo Ministério Público Federal no Superior Tribunal de Justiça.

O Jornal Pequeno, de São Luís, teve acesso ao diálogo interceptado e publicou trechos na edição de 24 de agosto de 2008.

Segundo o repórter Oswaldo Viviani, Ernane cobra de forma agressiva o pagamento, diz que está “com a corda no pescoço” e que “o pessoal aqui também tá com a corda no pescoço”, o que leva a crer que não é o único beneficiado:

“Você disse que ia pagar, rapaz! Já tava tudo na mão, eu não sei o que tá acontecendo. Tão me enrolando”, diz Ernane. “Tava na mão, tava na mão. Só conversa, rapaz. Eita, porra!”, explode o tio de Roseana e seu futuro aspone na Casa Civil, exigindo: “Rapaz, fala com ele! Bota isso em prioridade”. Ele, segundo a reportagem, é o chefão da Gautama, Zuleido Veras.

A Gautama depositou dinheiro na conta da mulher e do filho de titio Ernane. A mulher é Shirley Duarte Pinto de Araújo, assessora do Senado lotada no gabinete de Roseana; o filho é Ricardo Sarney.

Nos depósitos para Shirley, a Gautama tratou de evitar o valor de R$ 10 mil em cada operação para fugir à fiscalização. Em 7 de abril de 2006, depositou R$ 9.950, às 15h20, e cinco minutos depois, mais cinquentinha que faltavam.

Depósitos e diálogos comprometedores, lembra o Jornal Pequeno, somam-se a outros indícios de envolvimento do clã Sarney com as fraudes da Gautama, que a revista Veja revelou em junho de 2008. Ali, uma agenda de Zuleido Veras, apreendida em maio de 2007, contém a anotação do nome de Roseana ao lado da quantia de R$ 200 mil, dois meses antes da eleição para o governo do Maranhão, na qual ela (ainda no PFL, depois DEM) perdeu para o pedetista Jackson Lago.

Na mesma agenda, Roseana aparece numa anotação, a 14 de abril, ao lado da cifra de R$ 63 milhões.

Gaguinho, ou titio Ernane, Roseana nomeou chefe da Assessoria de Programas Especiais da Casa Civil. Ou seja, não precisa fazer nada, não, se não quiser. Uma sinecura.
(Páginas 109, 110 e 111 de “Honoráveis Bandidos”)

RENAN CALHEIROS COMEMOROU PRESERVAÇÃO DE SEU MANDATO COM SARNEY; LEIA TRECHO

O livro "Honoráveis Bandidos", lançado este ano pela Geração Editorial, conta os bastidores do surgimento, enriquecimento e tomada do poder regional pela família Sarney.

Folha Online
Redigido em linguagem simples e direta, a obra acompanha toda a trajetória de Sarney e sua família, do Maranhão ao Senado.

Segundo o autor, o objetivo do livro não é fazer uma biografia de Sarney, mas sim remontar toda a origem do seu império, com o retrato da figura deste político e de uma série de outros que estão relacionados a ele. Trata da questão da "parentalha", dos empregos, dos cargos e do poder de Sarney para nomear. No entanto, o foco é mostrar a dominação e influência de Sarney no Brasil. Veja entrevista com o autor.

O autor, Palmério Dória, é um veterano do jornalismo investigativo e trabalhou como chefe de reportagem na Rede Globo, nos jornais Folha de S. Paulo, "Estado de São Paulo", entre outros.

No trecho abaixo, retirado do livro, Dória conta sobre o dia em que Sarney apresentou sua candidatura à presidência do Senado, de suas parcerias e até sobre como o senador ajudou Renan Calheiros a escapar da cassação.

Estado de permanente sobressalto

Estamos em 2009. Na data em que completa meio século de carreira política, aos 78 anos, o velho coronel comemora sem o menor sinal de euforia. Por certo pesam-lhe na memória as palavras de seu falecido amigo Roberto Campos, tão entreguista que lhe pespegaram o apelido de Bob Fields, ministro do Planejamento de Castelo Branco, primeiro general de plantão do governo militar:

"Certas vitórias parecem o prenúncio de uma grande derrota. É um amanhecer que não canta."

Os bastidores do enriquecimento e tomada do poder pela família Sarney

Deputado federal, governador do Maranhão, presidente da República, cinco vezes senador. E, no início desse ano pré-eleitoral, eis que em 2010 se dariam eleições presidenciais, ele chegava pela terceira vez à presidência do Senado. Mas tinha a sensação de que tudo aquilo que havia conquistado em meio século de vida pública podia estar por um segundo. Não foi de bom agouro a cena que se seguiu a seu discurso de pouco mais de cinco minutos, ao apresentar sua candidatura à presidência da Casa, naquela manhã de 2 de fevereiro, dia de festa no mar. Em sua fala, ele citou por sinal Nossa Senhora dos Navegantes, depois de se comparar a Rui Barbosa pela longevidade na vida pública e de proclamar que não houve escândalos em suas outras passagens no cargo. Esperava uma sessão rápida, mas, para sua inquietação, vários pares passaram a revezar-se para defender o outro candidato à presidência do Senado, o petista acreano Tião Viana, e aproveitaram para feri-lo. Assim, quando abriram a inscrição para os candidatos, ele pediu para falar. Queria dar a última palavra.

Marcado pela fama de evitar confrontos em plenário, fugiu a seu estilo e fez um pronunciamento duro. Um improviso daqueles que a gente leva um mês para preparar. Deixou claro que não gostou de ver Tião Viana posar de arauto da modernidade e higienizador da podridão que paira nos ares do parlamento brasileiro.

Depois de lembrar a coincidência de 50 anos antes, quando no dia 2 de fevereiro de 1959 assumia o primeiro mandato no Congresso como deputado federal, atacou: "Não concordo quando se fala na imoralidade do Senado. O Senado é os que aqui estão. Reconheço que, ao longo da nossa vida, muitos se tornaram menos merecedores da admiração do país, mas não a instituição."

Então, pronunciou as palavras seguintes, que trazem os sinais trocados, pois tudo quanto você vai ler é tudo quanto o velho senador não é:

"Durante a minha vida, passei aqui nesta Casa 50 anos. Muitas comissões, vamos dizer assim, muitos escândalos existiram envolvendo parlamentares, mas nunca o nome do parlamentar José Sarney constou de qualquer desses escândalos ao longo de toda a vida do Senado." Disse mais: "A palavra ética, para mim, que nunca fui de alardear nada, é um estado de espírito. Não é uma palavra para eu usar como demagogia ou uma palavra para eu usar num simples debate."

A filha Roseana Sarney, senadora pelo Maranhão, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o mesmo PMDB do pai, caminhava pelo plenário, muito nervosa. Estava em lágrimas quando o pai encerrou sua fala. Os oitenta pares o aplaudiram protocolarmente, mas um deles, de um salto pôs-se de pé e bateu palmas efusivas, acompanhadas do revoar de suas melenas. Tratava-se de Wellington Salgado, do PMDB mineiro, conhecido como Pedro de Lara ou Sansão.

Onde se encontravam os jornalistas de política nesse momento, que não registraram tal despautério? Pedro de Lara é aquela figura histriônica que roubava a cena no programa Silvio Santos como jurado ranzinza, debochado e falso moralista. E Sansão, o personagem bíblico que perdeu o vigor quando Dalila o traiu cortando-lhe a cabeleira.

Esta figura caricata pareceria um estranho no ninho em qualquer parlamento do mundo. Nascido no Rio, é dono da Universidade Oliveira Salgado, no município de São Gonçalo, e responde a processo por sonegação de impostos no Supremo Tribunal Federal. Conseguiu um domicílio eleitoral fajuto em Araguari, Minas Gerais, e praticamente comprou um mandato de senador ao financiar de seu próprio bolso, com 500 mil reais, uma parte da milionária campanha para o Senado de Hélio Costa, o eterno repórter do Fantástico da Rede Globo em Nova York.

Com a ida de Hélio para o Ministério das Comunicações de Lula, seu suplente Wellington então ganhou uma cadeira no Senado Federal, presente que ele paga com gratidão tão desmesurada, que separa da verba de seu gabinete todo santo mês os 7 mil reais da secretária particular do ministro. Nesse tipo de malandragem, fez como seu ídolo, colega de Senado Renan Calheiros, que vinha pagando quase 5 mil mensais para a sogra de seu assessor de imprensa ficar em casa sem fazer nada.

Mas o cabeludo senador chegou à ribalta em 2007, justamente como aguerrido integrante da tropa de choque que salvou o mandato de Renan Calheiros, então presidente do Senado e estrela principal do episódio mais indecoroso daquele ano, com amante pelada na capa da Playboy, bois voadores e fazendas-fantasma. O alagoano Renan, com uma filha fora do casamento, que teve com a apresentadora de tevê Mônica Veloso, bancava a moça com mesada paga por Cláudio Gontijo, diretor da construtora Mendes Júnior. Ao tentar explicar-se, Renan enredou-se em notas frias, rebanho superfaturado, rede de emissoras de rádio em nome de laranjas, enquanto Mônica mostrava aos leitores da revista masculina da Editora Abril a borboleta tatuada na nádega.

Durante 120 dias, enxotado pela mídia e pela opinião pública, Renan resistiu no cargo, suportando humilhações como o plenário oposicionista virando-lhe as costas no dia em que tentou presidir uma sessão. Esse era o Renan que, quase dois anos depois, no 2 de fevereiro de 2009 posaria vitorioso como articulador-mor da volta de José Sarney à presidência da Casa.

Quem diria, não? O José Sarney que já foi companheiro de um nacionalista respeitado como Seixas Dória, de um articulador do calibre de José Aparecido de Oliveira, de um jurista do porte de Clóvis Ferro Costa, todos três integrantes do grupo Bossa Nova, espécie de esquerda da União Democrática Nacional, a conservadora UDN, todos três ostentando o galardão de ter sido cassados pelo golpe militar de 1964, e sabe-se lá por quais artes só ele, Sarney, dentre os quatro amigos escapou da cassação, esse mesmo Sarney agora festejado pelo cabeludo sonegador e por uma das mais desmoralizadas figuras do cenário político brasileiro, Renan Calheiros, que tinha nos costados um inquérito com 29 volumes tramitando no Supremo.

Quer fechar o círculo direitinho? Em 2007, depois de absolvido pelo plenário em votação secreta e escapar da cassação por quebra de decoro parlamentar, na casa de quem Renan Calheiros comemorou a preservação do mandato? Na casa de seu salvador, Sarney, junto com outras figuras, como o deputado federal e ex-presidente do Senado Jader Barbalho, com know-how em renúncia para escapar de cassação; Romero Jucá, líder do PMDB no Senado; Edison Lobão, futuro ministro das Minas e Energia; e, claro, Roseana Sarney. Nesse festejo, no Lago Sul de Brasília, não se esqueceram de "homenagear" o senador amazonense Jefferson Peres. Esta figura íntegra do parlamento brasileiro, relator do caso Renan no Conselho de Ética, recomendou a cassação, pedida pelo povo brasileiro. Os convivas mimoseavam Jefferson a todo momento, referindo- se a ele como "aquele pobre relator".

Memorável dia 2 de fevereiro. Surpreendentes seriam as fotografias nos jornais do dia seguinte. Sarney de óculos escuros como os ditadores latino-americanos do passado, amparado pelo colega de PMDB Michel Temer, eleito presidente da Câmara, igualmente pela terceira vez. Barba e bigode. Este Michel Temer merece umas pinceladas.