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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

SENADO QUER EXPLICAÇÕES DE JOBIM SOBRE RECUO NA COMPRA DE CAÇAS FRANCESES

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

A Comissão de Relações Exteriores do Senado vai ouvir na próxima quarta-feira o ministro Nelson Jobim (Defesa) sobre a decisão do governo brasileiro de comprar 36 aviões de combate para aumentar o patrulhamento das fronteiras do país --especialmente na Amazônia e na região do pré-sal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a anunciar a compra de 36 caças Rafale do governo francês, mas Jobim recuou ao afirmar que o processo de seleção das aeronaves ainda não está concluído.

O senador Renato Casagrande (PSB-ES), autor do pedido para a audiência com Jobim, disse que o ministro está disposto a esclarecer aos parlamentares detalhes sobre a compra das aeronaves. "Há assuntos que não conhecemos em detalhes. É importante explicar essa parceria. Já queríamos a presença do ministro para detalhar a parceria, por isso, sem dúvida, é muito importante a presença dele", disse Casagrande.

Na segunda-feira, Lula anunciou ao lado do presidente da França, Nicolas Sarkozy, a disposição do governo brasileiro de negociar a compra dos 36 aviões franceses. Em troca, o governo do país compraria 10 aeronaves brasileiras de transporte de cargas que serão construídas pela Embraer até 2015.

Sarkozy também se comprometeu em repassar ao Brasil toda a tecnologia referente à manutenção e construção dos caça, o que teria pesado na decisão de Lula para escolher as aeronaves da França. Os Estados Unidos e a Suécia também estão na concorrência para a venda dos aviões ao Brasil.

Reportagem da Folha publicada nesta quarta-feira afirma que Lula, ao anunciar antes do esperado a definição do Brasil pelos caças da francesa Dassault, provocou constrangimento no seu próprio governo, que teve de recuar ontem, informando que o processo de seleção não está concluído e que o F-18 dos EUA e o Gripen sueco ainda estão na disputa.

O comunicado conjunto de anteontem dizia que Lula e o presidente Nicolas Sarkozy "decidiram fazer do Brasil e da França parceiros estratégicos também no domínio aeronáutico" e anunciava "a decisão" de entrar em negociações para a compra. Em nota ontem à noite, Nelson Jobim corrigiu: "o processo de seleção (...), ainda não encerrado, prosseguirá com negociações junto aos três participantes".

A expectativa é que o negócio acabe sendo fechado com a França, mas só depois que a Dassault abaixar os preços do caça Rafale --o mais alto entre os concorrentes --e criar condições mais favoráveis de juros. Conforme a Folha apurou, Lula se precipitou no jantar com Sarkozy no domingo à noite e queimou etapas do processo de seleção, o que irritou o Comando da Aeronáutica e deixou Jobim no fogo cruzado.

General

Em depoimento nesta quarta-feira na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, o general Augusto Heleno, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, evitou comentar a decisão do governo brasileiro de comprar as aeronaves. "Não quero entrar nessa área, não tenho conhecimento para isso e tenho juízo."

Além dos aviões caça, o governo brasileiro também firmou parceria com a França para a compra de helicópteros e um submarino de tecnologia nuclear. Apesar de se mostrar favorável à compra dos helicópteros para o Exército, o general disse que as Forças Armadas precisam de mão de obra para operá-los.

"É necessário, mas não adianta comprar helicóptero se não sei operá-lo. Preciso de gente, isso leva tempo", afirmou.


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