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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

NEGOCIAÇÕES NO CONGRESSO TENTAM IMPOR DIFICULDADES PARA CONCLUIR PROCESSOS DE CASSAÇÃO DE POLÍTICOS

Izabelle Torres

Negociações discretas no Congresso trabalham para impor dificuldades às conclusões dos processos de cassação de políticos. Esta semana, depois que o governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB), foi condenado a perder o diploma e engrossou a lista de políticos cassados, uma proposta apresentada na Câmara ganhou apoio e até a promessa de rápida tramitação nas comissões. O projeto de lei de autoria do deputado Roberto Rocha (PSDB-MA) propõe a proibição de julgamentos sobre perdas de diplomas, caso algum dos integrantes dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) não compareça à sessão.

A ideia do parlamentar é frear a onda de cassações que, segundo ele, tem assolado o país. O deputado também garante que o projeto poderá reduzir a influência política sofrida em parte desses julgamentos. “Nos primeiros cinco meses de 2009, perderam o mandato mais prefeitos do que ao longo dos oito anos anteriores. Um prefeito está sendo deposto a cada 16 horas no Brasil. Grande parte desses julgamentos sofrem certa interferência política e não há como fazermos de conta que não sabemos disso”, argumenta o autor da matéria.

A proposta despertou críticas de integrantes do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). Um dos coordenadores, o juiz Marlon Reis, diz que o projeto do tucano caminha na contramão das intenções dos setores da sociedade que querem julgamentos rápidos e brigam para que políticos corruptos percam seus cargos. “Nossa luta é justamente por uma justiça mais rápida. Em números, parece mesmo que há cassações demais. No entanto, isso é pouco em relação ao número de ações que ainda tramitam contra políticos. Qualquer proposta que dificulte julgamentos é um passo atrás”, diz.

De acordo com o relatório formulado pelo MCCE com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até o início deste ano, 460 prefeitos e vices tiveram as chapas cassadas. O número real é ainda maior, visto que a pesquisa utilizou dados de apenas 83,7% das zonas eleitorais do país. O TSE não tem o número consolidado de cassações, já que os dados dos tribunais regionais são descentralizados. No entanto, o aumento do julgamento de perdas de mandatos pode ser notado pelos processos contra governadores. Até 2008, apenas dois chefes do Executivo haviam sofrido cassação (Mão Santa, em 2001, e Flamarion Portela, em 2004). Somente no último ano, entretanto, três governadores perderam seus mandatos: Cássio Cunha Lima (Paraíba), Jackson Lago (Maranhão) e Marcelo Miranda (Tocantins).

"Nossa luta é por uma justiça rápida. Em números, parece que há cassações demais. Mas isso é pouco em relação às ações. Qualquer proposta que dificulte julgamentos é um passo atrás" Juiz Marlon Reis, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral


Justiça
Número de sentenças de cassação em primeiro grau (zonas eleitorais)
Ano
2000 - 162
2004 - 388
2008 - 343

Chapas de prefeitos cassados (após julgamento de recursos)
Ano
2000 - 40
2004 - 71
2008 - 119

* Fonte: MCCE

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