Pesquisar este blog

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

CARTA ABERTA A LULA


Excelentíssimo senhor presidente, muito tenho me controlado em não lhe enviar sequer uma linha escrita, a simples idéia de me comunicar com v. exa. Me dá vertigem, raiva e nojo, uma miscelânea de sentimentos nada nobres ou agradáveis.

Não é à toa que sinto o que sinto e não são poucos os motivos para que esses sintomas desagradabilíssimos de repulsa se ampliem. Nesses trinta anos que sei de sua existência vi sua trajetória mudar radicalmente, embora jamais tenha saído do campo da mediocridade mental e comportamento social duvidoso. Suas ações de governante máximo do país nos últimos seis anos e meio apenas multiplicaram as evidências do pouco trato que vossa excelência tem com a verdade, a honradez, a honestidade, a moral, o respeito a terceiros e às instituições públicas nacionais.

Por anos a fio vossa excelência bateu na tecla de que era o último defensor das virtudes. Tanto bateu nessa tecla que terminou convencendo aos desavisados que estava certo. A velha máxima de Göebbels – tantas e tantas vezes seguida pelos e seus asseclas – que uma mentira repetida tantas vezes acaba virando verdade, mostrou que é uma verdade per si. Aliás, excelência, seus amigos Zé Dirceu e Franklin Martins, os mentores da propaganda de seu governo, demonstram diariamente que são excelentes alunos do líder da propaganda hitlerista. Desde antes de sua primeira vitória nas urnas, Dirceu e Martins, além de Greenhalgh e alguns outros da corrente mandante do PT, têm demonstrado que seguiriam à risca os mandamentos de Göebbels.

A maior mentira, embora possa parecer a mais inocente para os desavisados, é a desculpa tantas vezes repetida que já poderia ser estampada por carimbo nos comunicados oficiais cada vez que eclode um escândalo: “eu não sabia” ou “eu não sei de nada”, apenas uma pequena adaptação no tempo do verbo saber.

Assim foi no caso do mensalão. Sua palavra bastou como desculpa, explicação, defesa e mote para a absolvição. Vossa excelência disse que não sabia, que os aloprados (a quem o senhor não nominou, demonstrando que escondia nomes na covardia típica de quem não quer se comprometer já estando comprometido) o haviam apunhalado pelas costas. Nas entrelinhas, ao se dizer apunhalado por seus companheiros, mesmo sendo um iletrado orgulhoso dessa condição, vossa excelência deixa transparecer sua megalomania, sua egolatria, ao comparar-se com Júlio César.

Outras tantas vezes, muitas vezes, o senhor presidente fez uso da mesma desculpa. Dentre seus cacoetes verbais do tipo “sabe?”, “quer dizer”, “nunca na história desse país” a desculpa foi repetida à exaustão, como um vício incontrolável. Tantas e tantas vezes repetida que ninguém sequer dá mais importância. Virou verdade.

Verdade tão absoluta e desculpa tão forte, mesmo sendo completamente vazia de argumentação e dados, que passou a ser repetida também por seus camaradas. Os parlamentares comprados não sabiam do mensalão; Delúbio não sabia do caixa dois; Sarney não sabia dos atos secretos; Palocci não sabia da conta do caseiro; Zé Dirceu não sabia dos mensaleiros; seus ministros e assessores não sabiam que os cartões corporativos não deveriam pagar despesas pessoais; dona Mariza não sabia que a cadela Michele usava carro oficial para ir ao cabeleireiro; nós não sabemos onde foram parar os mais de R$ 42 milhões arrecadados para o natimorto Fome Zero... Esse último não foi uma desculpa, apenas uma ignorância coletiva.

A mentira, excelência, assim como a mudança de princípios e de convicções, são constâncias em seu governo e em sua personalidade.

Me lembro que no início dos anos 80 o senhor e sua curriola ensaiadinha, os lulinhas amestrados – alguns, ridiculamente prendem a língua de propósito e usam barba até hoje – pregavam o fim do assistencialismo de estado, que isso era compra de votos e montagem de curral eleitoral. Hoje a Bolsa-Família é seu maior cabo eleitoral; lembro que o senhor falava mal da direita, eram eles o próprio capeta de terno e gravata, hoje anda de braços dados com Collor, Sarney (embora esse não saiba o que é ideologia política, apenas financeira), Calheiros (idem); que o senhor pregava a urgente necessidade de reforma agrária e apoiava a invasão de latifúndios improdutivos e cobrava dos governos, de Geisel a FHC, a dita reforma, mas que mantém a postura e assentou menos famílias que o governo anterior e continua fazendo vista grossa e até financia os terroristas rurais (mais um ato de assistencialismo de estado, pior, a terroristas). São muitos os exemplos. Minha memória não é suficientemente boa para eu listar todos os casos e nem o espaço aqui é suficiente.

De mentira em mentira, insistentemente repetidas, vossa excelência terminou firmando-se como um estadista para o povaréu que engole as informações saem mastigar, sem questionar. Pensar dói, mais fácil aceitar a versão oficial. Nisso o senhor é bom, percebeu essa fraqueza nos milhões de despreparados intelectuais. Reconheceu-se entre eles, identificou-se com os que não pensam. Soube manipular suas consciências e senso crítico, firmou-se como líder dos beócios. O beócio-mor.

Suas duas últimas e mais insistentes mentiras têm nome: Dilma e pré-sal. A primeira é mentira completa com nome, sobrenome e currículo. Ela fez da mentira sua escada. Mentiu e traiu companheiros de luta, dissimulou dentro da célula de que participou, dissimulou até sua biografia para parecer-se mais do que é ou que me faz pensar que é ela é muito menos do que é de fato.

Como Dilma, a Terrorista Quase Humana, o pré-sal corre o risco de se tornar verdade.

Não temos tecnologia para retirar óleo daquelas profundezas em menos de 20 anos. Os materiais utilizados têm-se rompido à grande profundidade e não há previsão para que as falhas sejam superadas. Daqui a vinte anos, quando e se o óleo brotar, muito provavelmente boa parte dos motores a combustão de combustíveis fósseis em todo o mundo terá sido substituída por motores de combustão de combustíveis renováveis e energia limpa (solar, eólica...). A urgência de aprovar o “pacote pré-sal” no Congresso esconde coisas inconfessáveis e que a oposição faz de conta que não sabe. Ao transferir recursos do FGTS para o pré-sal, demonstra-se que a empresa não tem recursos próprios para investir na aventura. A falta de dinheiro, aliás, ficou evidente quando a empresa pediu empréstimo à China e pagará a dívida em óleo por décadas.

Fora a falta de recursos, há a campanha eleitoral. Vossa Excelência, sob orientação do “goebeliano” Franklin Martins, colocou a oposição contra a parede. Se os opositores baterem nas intenções de seus camaradas, na campanha serão acusados de antinacionalistas, de privatizadores celerados. Por outro lado, se caírem na esparrela de aprovarem o pacote, o senhor ficará com a faca, o queijo e a empresa nas mãos. Terá a empresa como cabo eleitoral.

Vossa excelência continuará mandando e desmandando enquanto não tiver oposição organizada e limpa, além de poder comprar votos sem que a Justiça Eleitoral abra os olhos. Tenho medo que faça seu(ua) sucessor(a), o que nos condenará a mais quatro anos, pelo menos, de mentiras, manipulação, corrupção galopante e inatacável, Judiciário vendido, Legislativo inoperante e população ludibriada, idiotamente cega.

Medo, excelência, muito medo de que o que vossa excelência fez desse país se perpetue e sejamos eternamente condenados à imbecilização coletiva e à esmola institucionalizada em troca de votos e favores.

Um comentário:

  1. Mais uma vez falando de ato secreto??? Matéria dispensável viu... que falta do que falar... culpar sem provar deveria das cadeia nesse país!

    ResponderExcluir