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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

ASSESSOR DE LULA NEGA COMPRA DE CAÇAS, MAS ADMITE "BONS ANTECEDENTES" DE FRANCESES

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Depois do ministro Nelson Jobim (Defesa) negar que o governo brasileiro tenha fechado acordo com a França para a compra de 36 aviões caça Rafale, integrantes do governo federal entraram em campo nesta quarta-feira para desmentir que haja um "mal estar" diplomático com os Estados Unidos e a Suécia --que também disputam a venda das aeronaves para o Brasil.

O assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, negou que o governo tenha fechado com a França a compra dos aviões. Garcia admitiu, porém, que os franceses têm "bons antecedentes" nas negociações comerciais com o país, ao contrário dos Estados Unidos --num sinal de que a disposição dos brasileiros é comprar os caça Rafale franceses.

"O ministro Jobim declarou que, como advogado, trabalha com antecedentes. E os antecedentes que tínhamos com outros sócios não eram bons. E os antecedentes que temos com a França, no caso dos submarinos e helicópteros, são bons. Vamos examinar os outros sócios, que seja o mais conveniente para o Brasil. O resto é especulação e eu não discuto impressões", afirmou Garcia.

Além de negociar a compra das aeronaves com a França, Lula fechou com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a compra de helicópteros e submarino com tecnologia nuclear. Os franceses se comprometeram em transferir a tecnologia das aeronaves caso o Brasil escolha os caça do país.

Em nota divulgada nesta quarta-feira pela Embaixada dos Estados Unidos, os americanos reagiram ao anúncio do governo brasileiro de dar início às negociações com os franceses. Os EUA se mostraram dispostos a também transferir tecnologia das aeronaves para o Brasil, mas Garcia disse que é necessário cautela antes de qualquer acordo.

"Temos que avaliar se haverá garantias efetivas, porque transferência de tecnologia é um termo geral. Queremos saber também se não vamos sofrer nenhum tipo de restrição como sofreu a venda dos super tucanos [para os EUA]. Este antecedente não é bom. Diplomatas americanos reconheceram que esse não era um bom antecedente", afirmou o assessor.

Garcia disse que o governo brasileiro está disposto a analisar a proposta dos EUA "no momento em que o país ou os produtores fizerem proposta como a que os franceses nos fizeram". O assessor de Lula afirmou, ainda, que a negociação aberta com a França será estendida à Suécia e aos Estados Unidos.

"Não há ambiguidade, divisão no governo. Não estamos fechados na negociação com ninguém. Se houver outras propostas tão atraentes, ou mais, que o governo francês, vamos discutir. O que houve no dia 7 de setembro foi que temos uma boa experiência de parceria com os franceses, que se refletiu na questão dos submarinos e helicópteros. Está assegurada efetiva transferência de tecnologia", afirmou Garcia.

Negociação

Durante visita do presidente francês ao Brasil no dia 7 de setembro, Lula e Sarkozy divulgaram comunicado oficial no qual confirmam que os dois países deram início às negociações para a compra dos caça Rafale.

O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) confirmou a disposição do governo brasileiro de fechar negócio com a França. Ontem, Jobim divulgou nota para negar que a França já tenha sido escolhida nas negociações para a compra das aeronaves.

Reportagem da Folha publicada nesta quarta-feira afirma que Lula, ao anunciar antes do esperado a definição do Brasil pelos caças da francesa Dassault, provocou constrangimento no seu próprio governo, que teve de recuar ontem, informando que o processo de seleção não está concluído e que o F-18 dos EUA e o Gripen sueco ainda estão na disputa.

O comunicado conjunto de anteontem dizia que Lula e o presidente Nicolas Sarkozy "decidiram fazer do Brasil e da França parceiros estratégicos também no domínio aeronáutico" e anunciava a "decisão" de entrar em negociações para a compra. Em nota ontem à noite, Nelson Jobim corrigiu: "o processo de seleção (...), ainda não encerrado, prosseguirá com negociações junto aos três participantes".


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