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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

SARNEY TENTA IGNORAR CRISE E DISCURSA SOBRE GETÚLIO VARGAS E EUCLIDES DA CUNHA

Na semana passada, 11 ações contra Sarney foram arquivadas.
Senador Eduardo Suplicy cobrou explicações, mas não foi atendido.

Eduardo Bresciani
Do G1, em Brasília



Tentando virar a página da crise no Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), discursou por cerca de uma hora em plenário, nesta segunda-feira (24), sem fazer qualquer menção à situação da Casa. Provocado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ao final do discurso, Sarney se recusou a comentar as acusações contra ele.

Na semana passada, Sarney viu serem arquivadas todas as 11 acusações contra ele no Conselho de Ética. Desde então, não havia feito nenhum pronunciamento em plenário. Após a decisão do conselho, ele disse que o momento era de “retomar a agenda positiva”, que inclui a votação de projetos em plenário, as discussões sobre as reformas eleitoral e administrativa do Senado, entre outros pontos. Em entrevista na sexta-feira (21), o presidente do Senado disse que não pensava em deixar o cargo e que não se sentia culpado de nada. "Não posso deixar [o cargo] porque não me deram nenhuma saída que não de cumprir o meu dever até o fim," disse.

Os temas do dia para Sarney nesta segunda foram os 55 anos do suicídio de Getúlio Vargas e os 100 anos do falecimento do escritor Euclides da Cunha, autor de "Os Sertões". Usando a tribuna como senador, Sarney destacou a obra de Cunha. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), o presidente do Senado enfatizou a trajetória do escritor, incluindo a trajetória política do autor de "Os Sertões". “Os santos são comemorados pelo dia de sua morte e os grandes escritores também porque entram para a história”.

Sarney destacou também o aniversário de morte de Vargas, atendendo a menção feita pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). O presidente do Senado enfatizou que já estava na militância política na época na União Democrática Nacional (UDN), fazendo oposição a Vargas. De acordo com Sarney, o suicídio pegou os adversários de surpresa, deixando-os “comovidos”.

Suplicy

Em aparte no final do discurso desta segunda, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) cobrou de Sarney uma manifestação sobre as acusações e os arquivamentos.

"Senador José Sarney, a situação do Senado Federal não está tranquila, não está resolvida. As pessoas desejam um esclarecimento mais cabal, que as dúvidas sejam esclarecidas. A solução não está bem resolvida. O arquivamento das representações não significou que nós tenhamos resolvidos os problemas do Senado". Suplicy cobrou ainda que Sarney reconheça os erros.

O presidente do Senado irritou-se com a posição do senador petista. Ele destacou que sua intenção era fazer uma homenagem a Euclides da Cunha. "Acho que Vossa Excelência foi indelicado comigo, vossa excelência que é um homem tão educado. (...) Tomado por tamanha visão política Vossa Excelência deixa de respeitar as regras mais comezinhas do dia a dia da Casa". Sarney destacou já ter feito um discurso em plenário há duas semanas falando das acusações e disse que em outro momento poderia dar explicações que Suplicy desejar.

Na saída do plenário, Suplicy disse que pretendia fazer um discurso sobre a crise, mas não conseguiu esperar a saída de Sarney e preferiu falar "olho no olho". Ele adiou para terça-feira (25) o pronunciamento, mas distribuiu uma parte para a impresa. Nessa parte, Suplicy questiona a nomeação de alguns servidores ligados ao presidente do Senado, os negócios do neto de Sarney com crédito consignado e a participação de Sarney na Fundação que leva o seu nome. Outra parte do discurso, segundo o petista, será submetido à bancada em reunião nesta terça-feira.



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