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terça-feira, 8 de setembro de 2009

O ANIVERSÁRIO E A HISTÓRIA DE SÃO LUÍS SE ESCREVE COM "M"?


Meus amigos, hoje é o aniversário de São Luís - Ma. Uma data importante em nosso calendário. As comemorações se espalham durante todo o dia. Neste momento (9h00) está sendo lançado o projeto "Cores de São Luís", que tem como objetivo preservar e conservar as fachadas de casarões do Centro Histórico. A iniciativa faz parte do calendário de eventos da Capital Brasileira da Cultura 2009 e prevê ainda pinturas internas, melhorias de calçamento e iluminação cenográfica.

O evento, que é da Prefeitura Municipal, acompanhado de um belo café da manhã, acontecerá nos Salões do Grand São Luís Hotel (para os mais saudosos, o antigo Hotel Vila Rica) e contará com a presença do Prefeito Municipal, dos Secretários Municipais e convidados.

Mas esse texto não veio falar necessariamente desse projeto. Mas do que poderá ser “selado” neste maravilhoso dia de parabéns, onde só se fala do “amor à cidade dos azulejos e casarões”. Estive dando uma rápida olhada nos blogs e sites de nossa cidade, e me espantei com o amor que as pessoas dizem sentir pela capital maranhense. Em um deles, até fiquei surpreso com uma nota do Prefeito João Castelo. Uma linda declaração de amor e promessas de dias melhores. Tudo certo, não haveria nada de surpreendente na manifestação do gestor municipal, se não fosse o post no blog do Marcos D’eça, do portal imirante.com, do Grupo Mirante, de propriedade da família Sarney. Provavelmente você já deve ter ouvido falar da guerra de blogueiros que tem no Maranhão, a um ano das próximas eleições. Cada um defendendo seu ponto de vista político, sua torcida política e alguns, defendendo seu “ganha-pão”, via politicagem.

Estava pensando o quanto se vai ouvir de mentiras neste dia de felicitações. Até me recordei do famoso Sermão da Quinta Dominga da Quaresma, do Padre Antonio Vieira. Neste sermão, o Padre Antonio Vieira com sua irônica e enigmática forma de se expressar, utilizou-se da letra M de Maranhão e listou as ações da igreja contra os M’s ocultos. M de Maria Madalena, M de Maria, Mãe de Jesus. E até citou as ações da Igreja no seu papel de Murmurar, Motejar, Maldizer, Malsinar, Mexericar... Não era novidade pra ninguém, mas o Padre escrevia tão disfarçadamente e tão bem as suas opiniões, que não se conseguia acusá-lo de quase nada.

Soberbo ele foi, quando disse: “Temos juntamente hoje no Evangelho duas coisas que nunca podem andar juntas: a verdade e a mentira. E por que não podem andar juntas, por isso as temos divididas; a verdade no pregador, a mentira nos ouvintes; o pregador muito verdadeiro, o auditório muito mentiroso. Uma e outra coisa disse Cristo aos escribas e fariseus, com quem falava. O pregador muito verdadeiro: Si veritatem dico vobis; o auditório muito mentiroso: Ero similis vobis, mendax”. Quem escreveu os evangelhos?

Mas o mundo moderno ensinou que a verdade e a mentira têm andado de mãos dadas. De maneira que parece uma sustentar a outra. O que é verdade e o que é mentira neste Maranhão? Se estivesse vivo, o Padre Antonio Vieira seria disputado à tapa e ouro. Quiçá lhe dariam uma cadeira na Academia Maranhense de Letras, de tão grande e imponente seria a sua obra. Material para novas produções certamente não faltaria. E clientes, também.

Mas como disse o Padre Antonio Vieira:

“Os vícios da língua são tantos, que fez Drexélio um abecedário inteiro e muito copioso deles. E se as letras deste abecedário se repartissem pelos estados de Portugal, que letra tocaria ao nosso Maranhão? Não há dúvida, que o M. M de Maranhão, M de murmurar, M de motejar, M de maldizer, M de malsinar, M de mexericar, e, sobretudo, M de mentir. Mentir com as palavras, com as obras, e com os pensamentos, que de todos e por todos os modos aqui se mente. Novelas e novelos são as duas moedas correntes desta terra, mas têm uma diferença, que as novelas armam-se sobre nada, e os novelos armam-se sobre muito, para tudo ser moeda falsa. Na Bahia, que é a cabeça desta nossa província do Brasil; acontece algumas vezes o que no Maranhão quase todos os dias. Amanhece o sol muito claro, prometendo um formoso dia, e dentro em uma hora tolda o céu de nuvens, e começa a chover como no mais entranhado inverno. No Maranhão, até o sol e os céus mentem.”

O Padre Antonio Vieira era um Mestre. Nem imaginaria que os M’s de outrora pudessem contar, mesmo depois de séculos, as coisas dessa terra abençoada. Muita coincidência o “M” de Marcos D’eça... “M” de Mirante... entre outros...

Para quem quiser ver o Sermão Quinta Dominga da Quaresmana (1654), na íntegra, segue o endereço: http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/5dominga.html

No Mais, Menos M daqui pra frente para todos nós!


3 comentários:

  1. Sabia que antigamente eu tinha raiva do padre antonio vieira por causa disso?ignorância a minha;ou incapacidade de profetizar,né?

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  2. Ô velha, leia mais sobre o Pe. Antonio Vieira -O Grande-, este nada tinha de dissimulado, pregador sacro, humanista, político, diplomata, etc, sua obra contém vigorosas intervenções político-sociais, defensor de índios, dos negros, dos novos cristãos, da justiça e da liberdade(fez a opção pelos excluídos), atacava abertamente, dura e impiedosamente os escravagistas e todos que praticavam a corrupção e o abuso. Leia atentamente um pouco sobre ele e entenderá o porquê dessa colocação relacionando seus ouvintes(nada tem a ver com o evangelho), quem era este estrangeiro que adotou nosso país e seu povo perseguido pelos poderosos do Maranhão. Talvez, hoje, ele seja complexo para um leitor mediano, mas à época sua expressão era bem compreendida por senhores e escravos, sim, o léxico era reduzido e a sintaxe correntia...
    Cara velha, o Pe. Antonio Vieira foi tão claro e enfático que foi EXPULSO do Maranhão, processado, julgado, condenado e PRESO pela Inquisição. O maior prosador da Língua Portuguesa de todos os tempos foi, antes de tudo, ousado e um humanista ainda maior.

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