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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

SARNEY DIZ QUE LUTARÁ PARA PERMANECER NA PRESIDÊNCIA E FAZ APELO PELA PAZ NO SENADO

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), encerrou seu discurso nesta quarta-feira no plenário do Senado com uma mensagem de que pretende lutar para permanecer no cargo. Ao pedir o apoio dos senadores para "pacificar" o Senado, Sarney disse que não vai aceitar a "humilhação de fugir" às suas responsabilidades, nem mesmo vai ser vítima de "calúnias, mentiras e acusações levianas".


"Em nenhum momento da minha vida faltei ou faltarei com o decoro parlamentar. Cidadão de vida ilibada, de hábitos simples, ter falta de decoro? Nunca poderiam me acusar de coisa dessa natureza. Não favoreci neto meu. Sou vítima de uma campanha sistemática e agressiva. Como é do meu feitio, peço aos colegas que me julguem pela minha conduta austera, sem arrogância, com todos mantendo boa convivência, e não pelas mentiras, calúnias, acusações levianas. Peço justiça para que possamos sair da crise e voltarmos esta Casa ao ambiente de tranquilidade. Esse é meu apelo, minha mensagem", afirmou.

Geraldo Magela/Agência Senado
Sarney citou o estadista francês Clemenceau ao afirmar que "é muito mais difícil lidar com o silêncio do que com palavras". O peemedebista também citou uma neurocirurgiã, mencionada apenas como Ana Carolina, para afirmar que vai lutar até o fim para permanecer no comando do Senado.

"Obedecer a sua consciência é honrar a vida. É um tempo difícil, eu sei. Qualquer luz transeunte é percebida com a mais intensa escuridão. Mas aguente, persista, resista, encontre qualquer ponto de força que existe dentro de você", afirmou.

Sarney disse que é "amado por várias pessoas", por isso não vai sucumbir aos ataques de seus adversários políticos. "Minha força não é desejo de poder. Esse cargo não me acrescenta nada, senão auguras e decepções. Mas há a certeza de que nada fiz de errado, de que as senhoras e os senhores senadores são justos. Nós nos conhecemos uns aos outros, vão me ajudar a reconstruir a paz no Senado."

O presidente do Senado disse que está em curso uma "campanha pessoal" para retirá-lo do cargo, sem respeitar a sua privacidade e os seus 55 anos de vida pública e "serviços prestados" ao país. "São essas as acusações que merecem a minha quebra de decoro parlamentar? Meu apelo é a volta de uma convivência pacífica entre nós", disse.

Ataques

No discurso, Sarney responsabilizou a imprensa pela crise que atinge o Senado. O senador descartou renunciar ao comando da Casa mesmo com o apelo de seus familiares e da oposição.

"Na coerência do meu passado, não tenho cometido nenhum ato que desabone a minha vida. Não tenho senão que resistir, foi a única alternativa que me deram. Todos aqui somos iguais, ninguém é melhor que o outro. Não podem esperar de mim que cumpram a sua vontade política de renunciar", afirmou.

Ao falar por mais de meia hora, Sarney rebateu uma a uma as acusações contra ele e familiares que provocaram a crise política que atinge o Senado. Ele negou ter conhecimento da edição de atos secretos e apresentou uma tabela com os nomes de todos os ex-presidentes da Casa em cujos mandatos também foram editados atos sigilosamente.

"Para a nação inteira, foi dito que eu era o responsável por todos os atos secretos que existiram nesta Casa. Nenhum de nós presidentes sabia que esses atos não foram publicados", afirmou.

O senador admitiu que intermediou a contratação do ex-namorado de sua neta no Senado, mas negou que Henrique Bernardes tenha sido funcionário fantasma na instituição. "Foi um pedido da minha neta. Se pudermos ajudar legalmente, qualquer um de nós não deixa de ajudar. A pessoa era competente, pós-graduada, sempre trabalhou com assiduidade", afirmou. Sarney criticou, porém, a divulgação de gravação da Polícia Federal que mostra a negociação para que o ex-namorado da neta fosse contratado na Casa.

Sarney ainda negou que um de seus netos tenha sido beneficiado com a contratação de sua empresa no Senado para a realização de empréstimos consignados. "O meu neto não teve nenhuma relação com o Senado. O senhor José Adriano nunca integrou o quadro do Senado, nunca teve qualquer contato. Eu não era presidente, não tinha nada a ver com isso, nem estava sabendo em 2005", afirmou.

O senador admitiu que intermediou a contratação da sobrinha Vera Portela Macieira Borges, lotada no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS). Mas disse que já providenciou o seu afastamento dos quadros do Senado.

Na opinião de Sarney, as acusações não justificam a abertura de processos contra ele por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado. "O conselho não pode abrir processo por recorte de jornal. Na coerência do meu passado, não tenho cometido nenhum ato que desabone a minha vida", afirmou.


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