Pesquisar este blog

sábado, 15 de agosto de 2009

ESTILISTAS CUSTOMIZAM CAMISETA DA CAMPANHA ‘FORA SARNEY’


POR DANIELA DARIANO, RIO DE JANEIRO

Rio - De símbolo da crise política a argumento de campanha contra falcatruas, o bigode abandonou sua confortável posição sob o nariz daqueles que mantêm as aparências (e as mamatas) com dinheiro público e foi estampar a opinião de estilistas com peito para fazer crítica. A convite de O Dia, Alessa Migani, Beto Neves e Diana Estevez vestiram — e customizaram — a camisa com o sinal de ‘proibido bigode’ como marca da campanha ‘Fora Sarney’, em protesto contra escândalos protagonizados pelo presidente do Senado.

Diana Estevez, Alessa Migani e Beto Neves: estilistas se posicionam contra as falcatruas

Desde que deixou de ser praticamente uma roupa íntima, lá nos anos 50, a camiseta saiu debaixo da camisa de botão e passou a funcionar como ‘outdoor’ da democracia: com emblemas de paz e amor, rasgadas e alfinetadas em oposição a governos ou com dizeres bem-humorados e sisudos. “A camiseta é uma bandeira da moda para os acontecimentos políticos. Por ser uma peça barata, de rápida execução e tradução, pode, na mesma hora, expor um ponto de vista sobre os fatos, uma posição ou filosofia”, explica a pesquisadora de moda Paula Acioli.

Hoje, a camiseta sai do armário contra maracutaias praticadas por senadores brasileiros. A estilista Alessa Migani acrescentou à estampa do ‘Fora Sarney’ um broche com uma boca, símbolo de sua próxima coleção de verão (‘boca a boca’, a ser lançada ainda este mês). “A boca é a palavra. Se a gente passar adiante notícias e opiniões, podemos criar um movimento”, justifica Alessa, que acredita no poder da moda de disseminar mensagens. “A moda é uma antena parabólica do que acontece social, cultural e politicamente, até que se crie uma ideia coletiva”, resume.

Beto Neves, estilista da Complexo B, acha “nojenta” a sujeira no Senado. Criou uma espécie de ‘gola-máscara’ na camiseta para passar a idéia de prevenção ao mal que aflige certos políticos: “Posso não resolver a gripe suína nem a falta de vergonha no Senado, mas não quero me contaminar”. Ele aconselha a só vestir essa camisa quem tem consciência do que está fazendo, para não se tornar mais uma vítima da moda. “Moda é atitude. Quem usa tem que pensar antes: ‘Será que eu não faço a mesma coisa contra a qual estou protestando?’ A ideia da minha camiseta é: ‘Me inclui fora disso!’”.

Diana Estevez, da marca Diversa!, aposta que as camisetas venham a conscientizar a população em efeito dominó. Ela aproveitou para ampliar a discussão, criando bolsos, cheios de notas de reais e nomes de cinco colegas de Sarney no Parlamento. “Todo dia tem escândalo novo. Só o ‘Fora Sarney’ não é solução. Mesmo que ele saia, outros ‘bigodes’, os associados dele, continuarão. Coloquei cinco nomes só a título de exemplo”, diz.


Nenhum comentário:

Postar um comentário