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sábado, 8 de agosto de 2009

BATE-BOCA ENTRE RENAN E TASSO: 'CORONEL DE MERDA' É EXCLUÍDO DA ATA OFICIAL DO SENADO


FORA DOS ANAIS

BRASÍLIA - O palavrão usado pelo líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), para xingar o tucano Tasso Jereissati (CE) não ficará registrado na História oficial: a expressão "coronel de merda" foi excluída da ata da sessão de quinta-feira do plenário e não constará no Diário Oficial do Senado nem nos anais da Casa. Apesar de as notas taquigráficas da sessão, distribuídas quinta à noite, terem incluído o xingamento feito fora do microfone, a palavra "merda" foi excluída das mesmas notas expostas nesta sexta na página do Senado na internet. As demais agressões foram mantidas. Relembre as denúncias na linha do tempo



O texto disponível quinta-feira era o seguinte:

"O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB- CE): - Eu coronel? Cangaceiro! Cangaceiro de terceira categoria! "

"O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB-AL) (Intervenção fora do microfone.): Você é um coronel de merda". (Leia mais: senadores lamentam bate-boca entre Renan e Tasso e responsabilizam Lula)

Nesta sexta, ao acessar a íntegra dos debates no site do Senado, neste trecho, havia apenas a frase de Tasso. No caso de Renan, à frente de seu nome constava a informação de que a intervenção foi feita fora do microfone. Na transcrição colocada na rede nesta sexta pelo Senado, há outras referências a frases proferidas pelos dois senadores fora do microfone, com a manutenção do que foi dito. Entre elas, a que Renan chama Tasso de "coronel de nada". Nesta sexta ficou assim: (Leia mais: Especialistas avaliam o impacto da crise nos projetos de interesse do governo)

"O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB-CE): - Eu coronel? Cangaceiro! Cangaceiro de terceira categoria!"

"O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB-AL) (Intervenção fora do microfone.)"

"O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB-CE): - Você é o quê!?"

"O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL) (Intervenção fora do microfone.): - Você não é coronel de nada!" (Leia mais: Senado encerra semana de guerra com Suplicy cantando em plenário)

Segundo taquígrafos do Senado, tudo o que é dito pelos oradores na sessão é registrado literalmente, mesmo se fora do microfone. E só é excluído dos registros a pedido de um parlamentar. Quando Tasso acusa Renan de quebrar o decoro por dirigir-se a ele com palavra de baixo calão, pedindo que José Sarney (PMDB-AP) abra representação sobre o fato, Renan reage, irônico: "Presidência, peço desculpas, e peço para V. Excelência retirar da sessão de hoje que minoria com complexo de maioria é falta de decoro parlamentar". Ou seja, não pediu formalmente a retirada do palavrão.

A secretária-geral do Senado, Cláudia Lyra, disse que ninguém pediu a exclusão do termo e que a orientação, não só neste caso específico, é que as notas devem conter tudo o que é dito e aparecer na gravação. Ela não soube explicar, porém, por que a versão que foi para a rede, quinta-feira, tinha o palavrão: (Leia mais: Simon culpa Lula por crise do Senado. Senadores lamentam bate-boca entre Renan e Tasso)

- A orientação geral é a de sempre colocar tudo o que está na gravação, no áudio. É a prova material. Se o palavrão estiver no áudio e o presidente disser retire, retira-se. Se não, fica.

À noite, ela disse que o comentário na taquigrafia era o de que o palavrão não estava no áudio. O GLOBO tentou entrar em contato com a diretora da Taquigrafia, Denise Baeri, sem resposta. A assessoria do presidente Sarney também afirmou que não houve ordem da presidência. Renan também foi procurado, mas não respondeu.

Duque arquiva outros sete pedidos de investigação contra Sarney

Sem convocar sessão do Conselho de Ética do Senado, o presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ), arquivou outras sete ações contra Sarney. O argumento apresentado é o mesmo nos despachos dos quatro pedidos de investigação arquivados na quarta-feira, de que as ações se baseiam em "recortes de jornais". Duque, único segundo suplente a ocupar uma cadeira no Senado, já tinha dito que não teria como decidir diferentemente dos arquivamentos anteriores, para não ser incoerente.

Foram arquivadas desta vez três representações do PSDB, uma do PSOL, uma denúncia de Arthur Virgílio (PSDB-AM) e outras duas denúncias assinadas conjuntamente pelo líder tucano e por Cristovam Buarque (PDT-DF). Todas sobre o envolvimento de Sarney em atos de nepotismo, ligação com a fundação que leva seu nome, suspeita de desvio de recursos da Petrobras e uso de atos secretos para nomear o namorado da neta Maria Beatriz.

PSDB avalia representação contra Renan por falta de decoro parlamentar

O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse nesta sexta-feira que o partido ainda avalia a estratégia de ingressar no Conselho de Ética com uma representação contra Renan.

- A representação pedida pelo senador Tasso Jereissati a gente vai discutir na bancada, mas no (contexto) geral. Uma representação a mais ou a menos tem que estar dentro de uma estratégia e não apenas porque ela se justifica, até porque isso não significa nada, já que só querem processar aquelas que podem nos prejudicar - disse Sérgio Guerra, se referindo à representação apresentada pelo PMDB contra Arthur Virgílio.

Sérgio Guerra também criticou a atuação do Conselho de Ética, com o arquivamento sumário de todas as denúncias contra Sarney.

- O Conselho de Ética parece um Conselho de Aritmética, estão confundindo ética com aritmética - disse o tucano.


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